Autor, roteirista e consultor de roteiro, Aleksei Abib fará parte da equipe de professores do Programa de Formação de Roteirista e Desenvolvimento de Projetos, Mód 1 – Histórias | Narrativa Audiovisual junto com Ricardo Tiezzi.
O Programa de Formação de Roteirista e Desenvolvimento foi lançado no dia 20 de fevereiro e terá inicio no dia 13 de março com o Módulo I. Este Módulo vai tratar dos fundamentos da arte de contar histórias para as telas: conflito, gêneros e a natureza do drama antes mesmo das palavras chegarem ao papel.
Durante a entrevista, ao falar sobre a diferença do roteiro de cinema e de Série de Tv, Aleksei fala que os elementos essenciais são os mesmos, tanto para cinema, quanto para Tv: ou seja, é importante ter uma boa premissa dramática, uma boa história, personagens consistentes, etc.
Leia abaixo a entrevista com Aleksei publica em nosso blog.
Foto: Mad Man- divulgação.
Entrevista:
1-b_arco: Você acha que para escrever um roteiro você precisa ter experiência com texto literário, ou não?
Nosso roteirista de maior prestígio internacional, Braulio Mantovani, é formado em Letras. Woody Allen, além da carreira espetacular no cinema, é um escritor de talento. Bergman também era um dramaturgo de primeira linha, e dominava como poucos os textos clássicos do teatro. Nossos autores de novela são versados nos textos românticos e realistas. Então, a rigor, precisar não precisa – mas a gente nota a diferença no resultado final dos textos quando o roteirista tem esse contato anterior com o texto literário.
2- b_arco: A estrutura de roteiro de cinema é a mesma de um roteiro para Tv?
No caso de dramaturgia como um todo, os elementos essenciais são os mesmos, tanto para cinema, quanto para Tv: ou seja, é importante ter uma boa premissa dramática, uma boa história, personagens consistentes, etc.
Mas existem tipos variados de series e de filmes, o que pode impactar na estrutura dramática, a depender do caso.
Sitcoms (como Friends, ou Big Bang Theory, por exemplo), não tem necessariamente um compromisso inicial com um arco dramático pré-definido – o que só começa a acontecer após algumas temporadas, quando as series em geral se consolidam. Series dramáticas, por outro lado, (como Sopranos, ou Mad Man, etc) já tendem a ter um arco ao menos mais sugerido desde o princípio.
Mas em todos os casos, em cada episódio isoladamente, há um arco definido.
Esse principio é exatamente o mesmo da narrativa clássica do cinema onde, para contar uma história, é preciso um arco dramático definido – com exceção é claro, dos filmes que fogem da lógica narrativa tradicional, como os do cineasta Apichatpong Weerasethakul (só para citar um exemplo recente mais marcante de um cineasta que rompe, maravilhosamente, com todas as regras instituídas da dramaturgia clássica).
3- b_arco: Em sua opinião, qual a principal diferença entre escrever diálogos para cinema e Tv?
Novamente depende de cada caso. Mad Man, por exemplo, permite uma abordagem mais cinematográfica nos caso dos diálogos, embora seja uma série de Tv. Mas em geral, a principal diferença costuma ser o subtexto: há mais espaço no cinema para explorar o subtexto nos diálogos. Em geral, na televisão as falas precisam ser mais explícitas.
4- b_arco: E para construção de uma série o que é essencial em termos de dramaturgia?
Sem dúvida personagens consistentes, e uma boa premissa dramática, de rápida assimilação pelo público.
Mas também aqui isso é relativo.
Se a série for de humor nonsense, por exemplo, como o Monty Python, ou no caso do sucesso recente do Porta dos Fundos, no Brasil, o que importa é criar situações dramaticamente provocativas (como a batalha na Escócia onde um dos lados não comparece, explorado magnificamente pelo Porta dos Fundos, ou a final de futebol entre os filósofos da Grécia Antiga contra a Alemanha, do Monty Python, onde jogam Platão, Euclides, Heidegger, Aristóteles, e o juiz é Confúcio…) , e então explorá-las até o limite como se fossem situações, de fato, possíveis.
O que é comum em todos os casos, entretanto, é mesmo a construção de universos dramaticamente consistentes, e onde seja possível explorar as suas regras até o limite.
5- b_arco: Como você sente o mercado cinematográfico para roteirista aqui no Brasil, hoje? Está aquecido?
Há maior produção, e maior demanda por roteiristas, isso é um fato. Mas infelizmente a valorização do trabalho como um todo ainda deixa muito a desejar em termos práticos. Isso é especialmente verdade no caso do desenvolvimento dos projetos, onde a fatia do orçamento destinada para o roteiro ainda é muito aquém do razoável para que se possa fazer um trabalho de fato consistente.
Mas há uma boa possibilidade de que esta situação aos poucos se altere, com a nova lei que exige que os canais exibam produção nacional. Mais investimento em roteiro implica em mais qualidade final do trabalho – o que interessa não só aos roteiristas, mas também aos canais e, mais do que ninguém, evidentemente, ao público.
Silvia Castelo Branco- Comunicação
Sobre Aleksei Abib
Aleksei Wrobel Abib é mestre em Literatura, com especialização na Universidade Livre de Berlim, autor e produtor de cinema. Entre seus principais trabalhos na escrita audiovisual somam os roteiros de “A Via Láctea”, longa de ficção que abriu a 46° Semaine Intl. de la Critique, Festival de Cinema de Cannes; a cinebiografia do político e professor Franco Montoro “A Poética Política de Montoro”; o documentário de longa-metragem “O Último Kwarup Branco” (“Melhor Documentário” no DOCSDF – Fest. Intl. de Documentários da Cidade do México, sel. oficial Festival “É Tudo Verdade”)
Saiba mais sobre o curso
Serviço
Datas: de 13 de março a 5 de junho de 2014
Horários:
Quintas, de 19:30 às 22:30
Inscrições: até 06 de março
b_arco
Rua Doutor Virgilio de Carvalho Pinto, 426 | Pinheiros | CEP 05415-202 | São Paulo | SP
Informações. 11 3081.6986