Em entrevista ao b_arco concedida no final de 2013, o jornalista e escritor Paulo Nogueira, autor do livro O Amor é Um Lugar Comum, fala sobre a criação literária. Segundo Nogueira, uma história surge de várias maneiras. Por vezes, aflora a silhueta, ainda espectral, de um personagem. Em outros casos, um incidente narrativamente fecundo. Uma notícia de jornal, um fato histórico, uma reminiscência recorrente, visceral. Um fragmento de diálogo que encerra fantasias promissoras. O que vem à rede é peixe.
Paulo Nogueira vai ministrar o curso Narrativa de Ficção – Como escrever, conto ou novela de 27 a 31 de janeiro, no b_arco.
Leia a entrevista na íntegra.
1. b_arco: O que o leva a escrever?
PN: A paixão pela literatura, pela escrita em si. Não creio que algum escritor saiba de onde brota essa compulsão, esse quebranto, tão intelectual quanto afetivo. Um anseio por contar histórias, povoar mundos, brincar de Deus e de deuses – vira e mexe, de Diabo também.
2. b_arco: Como nascem as histórias?
PN: De várias maneiras. Por vezes, aflora a silhueta, ainda espectral, de um personagem. Em outros casos, um incidente narrativamente fecundo. Uma notícia de jornal, um fato histórico, uma reminiscência recorrente, visceral. Um fragmento de diálogo que encerra fantasias promissoras. O que vem à rede é peixe.
3. b_arco: O que é preciso para escrever bem?
PN: Em primeiro lugar, ler muito. Hoje, infelizmente, muitos escritores escreveram mais livros do que leram. Em segundo, encontrar um estilo próprio, o som da nossa mão.
4. b_arco: Quais são os elementos que considera essenciais para escrever uma boa obra literária?
PN: Clareza, coesão, uma voz pessoal. Um enredo sugestivo, seja nas peripécias, seja na emoção. Pinceladas de humor, se não for pedir muito.
5. b_arco: Gosta mais de escrever peças de jornalismo ou romances?
PN: Ambos. Não escrevo displicentemente nem uma lista de supermercado. Alguém já disse que a literatura é o jornalismo da transcendência. O problema do jornalismo é a urgência dos prazos. Da literatura, o enigma da posteridade.
6. b_arco: Você acha que os e-books estimulam mais a leitura que o livro impresso hoje?
PN: Não, não acho. O desenvolvimento da literatura pós-papel ainda é uma incógnita. Há prós e contras. O mais importante, desconfio, é não deixar que a tentação do visual oblitere a palavra.
7. b_arco: Para quem é dirigido o seu curso?
PN: A todos os que amam ler e escrever. Que desejam escrever com uma técnica mais apurada, ajudados pelo lastro de 2 mil anos da melhor literatura, e pela minha experiência pessoal (que não é tão idosa mas tem seus ases na manga).
Silvia Castelo Branco/Comunicação