“Vejo cada vez mais os leitores seguindo não veículos ou editoras ou títulos, e sim os próprios jornalistas ou escritores”.
Repertório, criação, meios, autoria, consumo, o que público quer saber e o que é relevante informar, são tarefas do jornalismo cultural. Esses são um dos temas que o jornalista e escritor Ronaldo Bressane vai abordar no curso Jornalismo Cultural, Jornalismo Autoral no Centro Cultural b_arco.
Leia a entrevista:
1-b_arco: Porque a área da cultura precisa ter um segmento específico no trabalho jornalístico?
RB– Questão de repertório. Não se torna jornalista cultural simplesmente fazendo perguntas — é preciso um repertório mais amplo do que em outras áreas, e também multidisciplinar, abrangendo as mais variadas formas de expressão. Estou tratando, é bom destacar, do jornalismo impresso. Além disso, o jornalista cultural é um ser ainda mais onívoro que outros jornalistas, por conta da tempestade de informação nos diversos meios — nunca se consumiu tanta cultura como hoje. É preciso, assim, ter uma capacidade ainda maior de filtro, uma capacidade de entender o que presta, o que não presta, o que é importante, o que é superficial, o que vai ficar, o que vai sobrar. Só quem tem muito repertório e também intuição consegue separar o joio do trigo. O jornalista cultural tem uma imensa responsabilidade no sentido de definir e descobrir o que é relevante — e apresentar a informação, contar a história, mostrar o personagem da maneira mais criativa possível.
2- b_arco: A partir de quando e como surgiu o jornalismo cultural?
RB:Creio que junto com o jornalismo, não? Que, a meu ver, é a profissão mais antiga da Terra (e a serpente, nossa mais antiga colega).
3- b_arco: Com o advento da internet e agora das redes sociais essa área se expandiu e se fortaleceu, e as mídias convencionais?
RB: Não só se expandiu como vem redefinindo o jornalismo cultural impresso. De todo o modo, a internet nunca deixou de lado o centro do jornalismo cultural: o texto. A história melhor escrita, com mais adequação ao meio em que é veiculada, é a que agarra o leitor.
4- b_arco: Como você vislumbra o futuro do jornalismo cultural na mídia eletrônica?
RB: Uma das coisas que percebo é que o jornalismo cultural é cada vez mais autoral, ou seja: o leitor busca uma informação transmitida com o máximo de personalidade. Vejo cada vez mais os leitores seguindo não veículos ou editoras ou títulos, e sim os próprios jornalistas ou escritores.
5- b_arco: O seu curso é para quem está começando o jornalismo ou para aqueles que querem se aperfeiçoar na área cultural?
RB: Ambos. No entanto, eu espero dialogar com jornalistas ou aspirantes a jornalistas (nos quais me incluo; estamos sempre aprendendo) em alto nível. Portanto aguardo pessoas que tenham uma boa bagagem de leitura de jornalismo literário. Se o curso deslanchar, a classe vai virar uma verdadeira redação. Quem sabe não bolamos uma revista durante o próprio curso?
por Silvia Castelo Branco – Comunicação b_arco
25/02/13
Nova data: 26/02 a 2/07
Conheça o curso de Jornalismo Cultural, Jornalismo Autoral que Ronaldo Bressane dará no b_arco a partir 23/03