Entre os dias 6 e 11 de junho, Deborah Osborn e Flavia Guerra estarão no b_arco com o curso Documentário para Cinema e TV.
Deborah Osborn é responsável pela produção executiva dos projetos de entretenimento da BigBonsai, já fez parte da equipe de produções como Nome Próprio, de Murilo Salles, Carandiru, de Hector Babenco e Cidade de Deus.
Flavia Guerra é documentarista e jornalista. Foi coprodutora e assistente de direção de curtas como O Caminhão do Meu Pai (pré- finalista ao Oscar 2015, dirigido por Maurício Osaki), dirigiu Karl Max Way (premiado no Festival É Tudo Verdade 2010) e integrou a equipe de Marcha da Vida, dirigido por Jessica Sanders.
Confira abaixo a entrevista que o blog do b_arco realizou com as duas professoras.
1- No momento de iniciar o projeto de um documentário, quais são os principais pontos que devem ser levados em consideração e de que forma isto será abordado no curso Documentário Para Cinema e TV?
D: No momento de iniciar um projeto de doc, é fundamental que o diretor e/ou produtor se façam algumas perguntas básicas como:
• Qual a sua motivação pessoal para realização deste projeto?
• Qual o diferencial do seu projeto?
• Por que você quer fazer este filme e por que você é a melhor pessoa para essa função?
• Como o filme nos toca ou emociona?
• A historia é forte o suficiente para mobilizar plateias de lugares diferentes?
• O que fará com que seu público fique envolvido e queria assistir ao filme até o final?
• Como essa historia será contada?
• O que o filme nos mostra que não sabíamos antes?
• O que aprendemos com essa historia?
Durante o curso, iremos passar por todas as etapas de realização de um filme (desenvolvimento, pré produção, produção, pós produção e comercialização) e proporemos um exercício prático de formatação de um projeto documental.
2 – Qual a importância de um curso como este aos profissionais do audiovisual e do jornalismo que interessam-se pelo formato, tendo em vista os investimentos em editais e o a qualificação destes profissionais atualmente?
F: Um curso que relembre as origens do documentário, que ressalte seus principais destaques e que ofereça formas de se formatar novos projetos e pensar maneiras de se contar uma história se torna relevante, e importante, em um momento histórico em que cada vez mais é comum o ‘fazer documentários’. Não é preciso ter necessariamente feito um curso para conseguir uma câmera, ligá-la e sair por aí registrando a realidade, contando uma história com imagens, mas, no entanto, ao ter uma noção mais aprofundada do que o gênero representa, de como ele é também cinema, de como contar bem histórias que envolvam as plateias, entre outros assuntos, acredito que um documentarista será mais bem preparado em um mercado altamente concorrido como o atual.
No que é mais específico aos jornalistas, a tendência de mercado é que um profissional de imprensa hoje não mais saia para uma pauta com um bloquinho, uma caneta e um gravador de voz, mas sim com câmera na mão e muitas ideias boas na cabeça. Hoje, o jornalista pode contar sua reportagem, sua história, por meio de seu texto, completá-la com imagens e vice-versa. E isso enriquece o trabalho tanto para quem o faz quanto para o leitor / espectador. Saber contar uma história com imagens é um desafio para quem sempre trabalho com a palavra, mas é um processo gratificante aprender a filmar reportagens documentais.
3- Quão relevante tornou-se a produção de documentários frente às mudanças que o jornalismo está sofrendo atualmente?
F: Como já comentei na resposta acima, os documentários (seja em que formato, linguagem e duração for) nunca estiveram tão em alta. O jornalismo documental (e não necessariamente o jornalismo clássico de TV,mas sim novas formas de se filmar e montar uma reportagem para o formato audiovisual) é uma das ferramentas – chave para que os veículos (sejam de pequeno, médio ou grande porte) conquistem seus leitores/especatadores. Até poucos anos atrás, eram raros os jornais, revistas e até mesmo sites que possuíam uma equipe própria de reportagem em vídeo ou que ensinassem seus jornalistas tradicionais (entenda-se os que sempre fizeram da palavra escrita sua principal ferramenta de trabalho e forma de narrar suas histórias) a filmar, a fazer reportagem com imagens em uma linguagem que fugisse do convencional que já vemos na TV há décadas.
Hoje cada vez mas vemos os veículos de imprensa inovando em seus vídeos, formando vídeo-jornalistas, realizando documentários de curta e até longa duração. A revolução dos meios, impulsionada principalmente pela revolução da internet, mudou a forma de se fazer jornalismo. E ele, na questão do audiovisual unido à reportagem, nunca esteve tão próximo da linguagem documental. E isso é bom. Cada vez mais surgirão novos documentários, vídeos e estilos. É preciso estar atento e saber aproveitar esta fase que é desafiadora, mas muito estimulante.
4- Em uma das aulas, será estudado o case do documentário e websérie Dominguinhos+. Quais foram as primeiras ideias para este lançamento? Como a internet colaborou para a expansão destas ideias?
D: Dominguinhos já foi concebido como um projeto multiplataforma e todo o seu lançamento foi estudado estrategicamente de forma a aproveitar o potencial de cada meio. No aniversário de Dominguinhos lançamos o projeto online: durante 2 meses, toda semana, disponibilizamos episódio da websérie e sua respectiva playlist. Na sequência, o filme foi exibido em importantes festivais do mundo. No Brasil, sua primeira exibição foi no festival É Tudo Verdade, na sequência o filme entrou em cartaz, em circuito nacional, com datas estratégicas para cada região. Depois de quatro meses em cartaz, o filme foi lançado em VOD e depois em TV fechada. A internet e mobilização social, que se deu tanto na criação de encontros para promoção do filme (palestras, debates..) quanto através das redes sociais, foram fundamentais para o alcance que o filme obteve, mesmo em se tratando de um lançamento guerrilha, sem recursos financeiros. Durante o curso, toda a estratégia será discutida e aprofundada.
Por Júlia Griebel
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- 10 de junho de 2015