O aparente repouso do abandono por Alberto Bitar
Com a exposição individual Imêmores ( ), o fotógrafo paraense retorna a São Paulo, a partir de 15 de junho, na Galeria Virgílio
Um desvelamento poético do abandono é o fio condutor de Imêmores ( ), exposição que o fotógrafo paraense Alberto Bitar apresenta na Galeria Virgílio, em São Paulo, a partir do próximo dia 15 de junho – seis anos após o início da produção, também num mês de junho. Com trabalhos desenvolvidos entre 2013 e 2019, a série é composta por cinco eixos: docs, voos, móbeis, cidades e margens, o último, ainda inédito.
A primeira subsérie a ser fotografada foi Imêmores (docs), a partir da inspiração de uma pauta de Alberto como repórter fotográfico, porém foi Imêmores (voos) que estreou em exposição, em 2014/15, e que fortaleceu o conceito do trabalho. É a primeira vez que o artista reúne obras de todas as séries produzidas até o momento. A curadoria é de Mariano Klautau Filho, fotógrafo e pesquisador com quem Alberto tem uma grande afinidade, de longa data.
Sobre Imêmores, Mariano comenta: “Creio que o que conecta as séries é um aparente ‘estado de repouso’ dos objetos que ele escolheu para fotografar: documentos, automóveis, edificações, barcos, aviões e elementos naturais. Essa aparência, que é da natureza da visibilidade que a fotografia nos oferece, nos leva para um limite silencioso entre uma certa placidez dissimulada pelo rigor e equilíbrio com que ele fotografa e um mergulho um pouco mais fundo e inquieto na observação sobre o que esses lugares e objetos falam, de fato, no discurso que ele construiu com as imagens.”
A série traz ecos de outros momentos da carreira de Alberto. Segundo ele, trabalhos relacionados à memória, como Efêmera Paisagem e Sobre o Vazio, já indicavam o caminho para Imêmores. O movimento também é um aspecto que já vinha presente na abordagem do artista. Ele pontua: “Desde o início da minha trajetória, a captura do movimento na fotografia fixa era algo que me atraía, que buscava, e usei e ainda uso bastante, como nas séries Passageiro e Corte Seco. A partir de 2002, comecei a ver esse movimento acontecer de fato utilizando fotografias fixas no suporte do vídeo. E agora, em Imêmores, penso nesse movimento de uma outra forma, não um deslocamento no espaço, mas o deslocamento no tempo. As imagens dessa série, quase que totalmente, parecem fixas mas trazem signos e marcas dessa transposição na linha do tempo.”
Um pouco destes outros trabalhos poderá ser conferido pelo público nos livros que estarão disponíveis para a venda durante a exposição. Além de Efêmera Paisagem, Corte Seco e Sobre o Vazio, haverá exemplares de Súbita Vertigem e de Imêmores (voos) – primeiro de uma coleção de publicações prevista sobre a série que estará em exibição na Galeria Virgílio.
O olhar atravessado por referências afetivas, a contemplação do que foi esquecido, entre o registro e a ficção, em certa atmosfera melancólica, ainda pode se voltar para muitos assuntos e Alberto Bitar deve seguir expandindo Imêmores. Como observa Mariano Klautau Filho acerca do que é instigante e comum aos direcionamentos temáticos da série, “o que move o artista e é capaz de inquietar o espectador é o fato de todos terem sido colocados em uma mesma narrativa e conformação plástica e convocarem outros aspectos da condição de documento, entre vestígio de memória pessoal, restos de uma cultura, pedaços de uma história coletiva, perdas afetivas irreversíveis ou ainda o enfrentamento do artista (nos confrontando com as nossas perdas) com as passagens do tempo, passado e futuro”.
Sobre Alberto Bitar: Nasceu em Belém, em 1970. Formado em Administração de Empresas pela Universidade da Amazônia em 1995, iniciou na fotografia em 1991, ano em que passou pelas oficinas de fotografia da Associação Fotoativa, e desde 1992 desenvolve ensaios pessoais.
Foi selecionado em 1996 pelo projeto Antarctica Artes com a Folha, mapeamento da produção de jovens artistas do Brasil. No mesmo ano, começou a fotografar para um jornal de grande circulação em Belém, onde permaneceu até 2001.
Realizou as exposições individuais Solitude (1994), Hecate (1997), Passageiro (2005) – com que integrou a programação oficial do 7° Mês Internacional da Fotografia de São Paulo –, Efêmera Paisagem (2009/2011), Sobre o Vazio (2011), Corte Seco (2013 em Belém e 2015 em Porto Alegre) com estas duas recebeu o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte, e ainda Imêmores (voos) (2014), Súbita Vertigem (2015), a retrospectiva Fluxo (2016), Imêmores (docs) (2016/17), Flux (em Durban-Corbiere em 2017) e Timeline (2019).
Tem participado de mostras coletivas no Brasil e exterior, como Evocaciones – mostra de videoarte em Art Lima (Perú), Neblina: A Fotografia no Acervo do MACRS, Usina do Gasômetro (RS), Coleção Itaú de Fotografia Brasileira (Rio de Janeiro e Belém), Salão Internacional de Fotografia Abelardo Rodrigues Antes – Havana/Cuba, Festival Internacional de Curtas de São Paulo, Desidentidad, no Instituto Valenciano de Arte Moderno, na Espanha, e Une Certaine Amazonie, em Paris, dentre outras.
Participou do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural em 2009, Panorama da Arte Brasileira em 2011, em 2012 foi convidado para a 30ª Bienal Internacional de São Paulo – A iminência das poéticas e em 2015 para a 10ª Bienal do Mercosul – Mensagens de uma nova América.
Tem obras em acervos como o da Coleção Pirelli/MASP, Museu de Arte Contemporânea da USP – MAC/USP, MAC/RS – MAC Rio Grande do Sul, Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM da Bahia, Museu de Arte do Rio – MAR, Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Rômulo Maiorana, Coleção de Fotografias da FNAC/SP, Coleção de Fotografias do Itaú Cultural, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu da UFPA, Sistema Integrado de Museus do Pará e Museu de Arte Brasil Estados Unidos.
Serviço
De 15 de junho a 15 de julho de 2019.
ABERTURA – DIA 15 de junho (sábado) – 10H
Visitação aberta ao público: Segunda a sexta – 10h às19h Sábado – 11h às 17h
Galeria Virgilio
Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 426 – Pinheiros
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