O escritor, idealizador, coordenador da Balada Literária, e professor do b_arco, Marcelino Freire nos concedeu uma entrevista pela qual, antecipamos algumas informações sobre a Balada deste ano. Ao perguntar sobre as sua expectativas sobre o evento ele respondeu, “Vivemos em uma época de pouca paixão. A minha expectativa é sempre essa: a de divisão de paixão. Eu acho que é isto o que move a Balada.”
E sem querer quebrar surpresas, ele nos confidenciou alguns nomes já confirmados dentre eles estão: Arnaldo Antunes, João Silvério Trevisan, J. R. Duran, Alice Ruiz e sobre o grande homenageado para esta edição, revelou que será o cartunista Laerte, que irá puxar a presença de quadrinistas do Brasil inteiro.
Leia a entrevista na íntegra:
Balada Literária
1 – b_arco:Quando será realizada a próxima edição da Balada Literária?
MF: A oitava edição da Balada Literária acontecerá de 20 a 24 de novembro e o grande homenageado será o Laerte. Eta danado! Já faz oito anos que fazemos esse evento a duras batalhas. O b_arco está conosco desde o segundo ano…
2 – b_arco: Qual é o propósito deste evento?
MF: Celebrar a literatura sem frescura. Mostrar que os livros podem conviver muito bem com o provolone, a batata frita, o suco de uva… Chega de solenidade, de discurso. A literatura precisa de vida. O que a Balada faz é isto: tira a literatura das estantes, dos ambientes fechados, e põe na rua, nos cafés, ao lado do leitor… E o que é melhor: tudo de graça. É tudo gratuito. É só chegar e participar.
3 – b_arco: Ela acontece só em São Paulo?
MF: Há muito tempo eu recebo convites para fazer a Balada Literária em outras capitais. E até em outros bairros de São Paulo. Eu não consigo, por enquanto… É uma luta grande e eu não tenho estrutura emocional para peitar esses desdobramentos. O que fazemos, desde o ano passado, são Pré-Baladas Literárias, que acontecem antes da Balada aqui de São Paulo. Esse ano tem uma Pré-Balada no Recife, outra em Salvador, outra no Rio… Teremos duas Pré-Baladas também dentro do Festival Mix Brasil e dentro das Satyrianas. Esse ano também uma parte da Balada vai acontecer no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt.
4 – b_arco: Qual o balanço da última edição? Houve evolução no sentido da adesão de público, número de convidados e de eventos, quantos livros foram lançados durante o evento?
MF: Eu nunca tenho números para mostrar, apresentar. Não gosto de números, não faço estatísticas, não dou entrevista coletiva, após o evento, para apresentar planilhas. Sinto, é claro, que a Balada tem crescido, sem estufar, sem perder o caráter de festa feita, de fato, para todos. Todo ano é uma Balada diferente. Esse ano, como eu disse, homenagearemos o cartunista Laerte. Vai ter muito quadrinhos, animações, shows… Perdi a conta de todos os lançamentos que aconteceram. O importante, eu sempre acho, são os encontros que acontecem, as pessoas que se conhecem, os movimentos que surgem a partir da Balada.
5 – b_arco: Você tem realizado as Baladas com a presença de muitos autores fora do eixo do sudeste, qual é o critério?
MF: Procuro, sim, ter artistas de várias cidades, tribos, gêneros… Gosto muito de trazer gente de fora do eixo, gente que está começando, colocar em uma mesa um jovem poeta conversando com um poeta consagrado. E também sou entusiasmado com o que acontece na América Latina. A maioria dos autores que eu trago de fora é de latinos. Esse ano, pela primeira vez, estamos trazendo um escritor cubano, o Alberto Guerra Naranjo. Ele é festejado no mundo inteiro e, aqui, ninguém ainda o conhece. Pois a gente traz, no maior esforço, que é para o povo passar a conhecer.
6 – b_arco: Como será a homenagem ao Laerte? Pode adiantar algo para a gente? No ano passado, você homenageou o escritor Raduan Nassar, que acabou aparecendo para a festa.
MF: Na homenagem ao Laerte, como eu falei, teremos a presença de muitos quadrinistas, vindos do Brasil inteiro. Aí no b_arco, no domingo, dia 24 de novembro, a partir da 14h30, teremos um evento chamado “Q Balada”, com uma disputa entre esses quadrinistas sob a “direção”, digamos, do filho do Laerte, o Raffa Coutinho. E o Angeli, grande amigo do Laerte, também vai participar do evento, na mesa de abertura, dia 21 de novembro, 11 horas, na Livraria da Vila. E têm outras surpresas que, por enquanto, eu não posso falar. Aliás, no ano passado, a presença inusitada do Raduan Nassar foi uma emoção à parte. Toda Balada é assim, uma emoção, uma surpresa.
7 – b_arco: E quem serão os autores convidados da edição de 2013?
MF: Eu ainda não posso listar para você todos os convidados para não estragar a surpresa. Mas anote aí alguns: Arnaldo Antunes, João Silvério Trevisan, J. R. Duran, Alice Ruiz, Carola Saavedra, Paulo Lins, Fabiana Cozza (ela participa desde a primeira Balada), Ferréz, Washington Cucurto (direto da Argentina), Eliakin Rufino, um poeta que vem direto de Boa Vista… Ave nossa! É muita gente. Até o final de outubro, entrará no ar o site da Balada. Lá, vocês poderão ver, em breve, a programação inteira: www.baladaliteraria.com.br
8 – b_arco: E os filmes, tem algum em especial que será apresentado, está relacionado à literatura?
MF: Este ano, também no b_arco, nesse mesmo dia 24 de novembro, acontecerá a pré-estreia do documentário “A Vida Não Basta”, dos jovens cineastas Caio Tozzi e Pedro Ferrarini. No documentário, há depoimentos, sobre como e por que fazer arte, de artistas como Ferreira Gullar, Milton Hatoum e Toquinho.
9 – b_arco: E do ponto de vista de apoio e das leis de incentivo, como você tem conseguido realizar esse evento?
MF: Eu sempre digo. Enquanto outros eventos são feitos com “um milhão”, o nosso é feito com “humilhação”. A gente sai pedindo, implorando… Pela primeira vez esse ano, a gente conseguiu a aprovação na Lei Rouanet. Desde janeiro a gente tenta captar parceiros. Até agora só conseguimos uma cota. O nosso grande patrocinador esse ano, por enquanto, é a Editora FTD. Mas a Balada é feita, é sempre bom que se diga, com a ajuda de parceiros como a Livraria da Vila, co-realizadora do evento desde o primeiro ano, a Biblioteca Alceu Amoroso Lima, o Itaú Cultural, o SESC Pinheiros e, é claro, a sempre presença e força do Centro Cultural b_arco. Quantas emoções já vivemos aí juntos, não?
10 – b_arco: Qual a sua expectativa para a Balada deste ano?
MF: Expectativa de muita alegria… E fé. E teimosia. A gente precisa sempre disso. Vivemos em uma época de pouca paixão. A minha expectativa é sempre essa: a de divisão de paixão. Eu acho que é isto o que move a Balada. E é isto o que toca nas pessoas. Todo mundo sabe a luta com que erguemos um evento deste. E todo mundo, de fato, se sente pertencente à festa. É uma festa para todos, sem exceção. Desde já comemoremos…
Silvia Castelo Branco – Comunicação