“Fotografar pessoas é violá-las, ao vê-las como elas nunca se veem, ao ter um conhecimento delas que elas nunca podem ter; as transforma em objetos que podem ser simbolicamente possuídos” Susan Sontag
“O retrato é a arte de um encontro. Segundo Richard Avedon, o retrato representa a opinião do fotógrafo sobre o sujeito que é fotografado. No entanto, eu arriscaria dizer que o retrato constitui um conflito entre essa “opinião” e os desejos e aspirações do fotografado – ora assustado, ora animado, mas sempre profundamente intrigado diante a situação. E esse conflito, ao contrário do que muitos acreditam, não representa um problema. Ele é, a bem da verdade, a essência de um “bom retrato.”
Ainda assim, constantemente me pergunto: o que faz um “bom retrato”? Creio não existir resposta certa para essa indagação. O bom retrato é um milagre. Salvo raras exceções, o retrato é uma encomenda de uma revista, de um livro, ou até mesmo do retratado. O processo de criação do retrato envolve, de um lado, o fotógrafo, sua câmera e uma encomenda a ser realizada em mente e, de outro, o fotografado, que trabalha para projetar sua própria imagem da melhor maneira possível – quem não quer sair bem na foto?
Essa relação da qual estamos tratando é mais complexa do que, em um primeiro momento, parece, e é nela que o “milagre” sucede: quando esse encontro se torna vivo, ou seja, quando você se depara com algo que transcende as demandas da encomenda e do sujeito, estará diante do elemento evocativo e íntimo que resultou desse processo (a fotografia).
O retrato é extremamente invasivo, nem mesmo um espelho é capaz de refletir certos aspectos que uma foto reproduz. A imagem que enxergamos quando nos olhamos no espelho é muitas vezes invertida e manipulada por nós mesmos, por nossa insegurança natural e pelos infinitos padrões que a sociedade nos impõe. Basta um simples gesto – o menor que seja – para que nós nos enxerguemos melhor. O retrato, por sua vez, tem o poder de congelar esse momento que nunca fora visto. Dessa forma, os retratos formam uma hiperrealidade e não necessariamente representam a realidade – um conceito constantemente abordado por diversos gêneros fotográficos.
Através da fotografia, sou capaz de descobrir e me redobrar em detalhes que jamais seriam notados a olho nu na vida real”.
Artigo “Retratos”, por Bob Wolfenson. Disponível na íntegra aqui.
Bob Wolfenson ministra a oficina “Retratos”, aqui no b_arco, no dia 10 de novembro. A master class busca familiarizar o aluno com todas as etapas de um ensaio fotográfico, desde o brainstorm do processo criativo até a discussão do material produzido, com o objetivo de instrumentalizar os fotógrafos a realizarem um trabalho que alcance um salto de qualidade em seus resultados.
Para saber mais informações sobre a master class e realizar sua inscrição, clique aqui.
Retratos
10 de novembro
Domingo, das 10h às 17h
b_arco
Rua Dr Virgilio de Carvalho Pinto, 426 – Pinheiros, São Paulo
Próximo da estação Fradique Coutinho do Metrô
Estacionamento ao lado