“desde a terra que se oculta, e que em seu ocultar-se convida a novos mundos”.
Robson Costa Cordeiro , em O que a arte torna visível? Uma leitura de “A Origem da Obra de Arte”, de Martin Heidegger
Inaugurando o novo espaço da Galeria b_arco a individual de pinturas da artista Deborah Paiva, “Querência” traz uma seleção de obras de sua produção desde 2006 até as mais recentes. Em cartaz desde agosto, a exposição está chegando ao fim e você não pode perder a oportunidade de conferir o trabalho singular de Deborah Paiva, na Galeria b_arco! Até 27 de setembro, com visitações das 11h às 17h.
A exposição apresenta uma série de pinturas coloridas e outra série preta, branco e cinza, com lindas composições trabalhadas com as cores, formas e padrões, como se estivéssemos olhando para cenas banais do cotidiano em volta de uma bruma de afeto e mistério. Uma moça se penteando, mãe e filha conversando, um grupo de meninas vagando, com essas mesmas figuras sempre de lado ou de costas para não explicitar a personalidade das personagens.
O anonimato percebido em suas obras encobre a anima construindo as telas com figuras levemente familiares. São as escolhas da artista dentro da simplicidade e de uma solidão refinada. Espaços e ambientes da memória, provocados por lembranças e imaginação.
A artista equilibra as cenas em tons muitas vezes monocromáticos, com verdes e azuis, rosas e ocres, pretos, brancos e cinzas em delicadas combinações. Padrões que nos remetem às texturas de ambientes naturais.best replica rolex movement
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Deve ser intrínseco ao ser-humano procurar sempre o bem-estar voltando aos lugares de aconchego e conforto para a vida. Aquilo que nos remete às boas lembranças. O título sugerido pela artista vem do nome do sítio dos seus pais, quando ela e seus filhos pequenos ali frequentavam e o futuro era cheio de esperanças. Memórias e relações afetivas, entre paisagens bucólicas e a leveza nos cabelos e vestidos das meninas.
*Querência
(substantivo feminino MG•RGS)
lugar onde o animal foi criado ou onde se acostumou a pastar, e para o qual volta, por instinto, se dali for afastado.
Queridos amigos,
Querência era o nome do sitio dos meus pais, onde eu e meus irmãos, já adultos, com filhos pequenos, passávamos as férias de Natal. Os dias eram animados com meninos brincando de índio, meninas construindo “casas” imaginárias para suas filhas bonecas, leite no mangueiro, pamonha socada do milho doce que nascia na horta. Minha mãe fazendo os doces e sorvetes para a festa que já se prenunciava nas bolas coloridas e nas luzinhas de Natal que enfeitavam a varanda e o jardim do sitio.
Era o momento em que os adultos escolhiam quem seria o papai Noel do ano, quem se vestiria de bom velhinho e dirigiria a carroça de presentes pela estradinha de acesso ao sitio. Vinha tocando um sininho para o encanto e a algazarra dos pequenos. Foram férias maravilhosas que se desfizeram no tempo. As crianças cresceram, os adultos tomaram cada um seu rumo, meus pais, os principais animadores das festas, nos deixaram e, com as ausências deles, o sitio se acabou. Porém, ficou uma boa lembrança que eu quero homenagear com essa exposição.
Espero vocês.
Beijos a todos
Deborah Paiva