Nosso artista parceiro e professor fala sobre os caminhos da fotografia contemporânea e diz que, hoje, o fotógrafo é um criador de sentido.
b_arco. Como você percebe a fotografia contemporânea?
F.R. A fotografia vive um momento único de sua curta e rica história. Nunca o flerte entre o amador e o profissional, ou entre a arte e o ofício, se deu com tanta intensidade. Nunca as barreiras entre essas definições foram tão borradas e incertas.
E é justamente nessas fronteiras e nessa liberdade de poder existir de forma indefinida que a fotografia contemporânea tem sua mais intensa pulsão.
b_arco. Qual o papel do fotógrafo diante disso?
F.R. Em um mundo inundado por imagens e povoado de criadores de imagens, o fotógrafo ou artista visual passa a ser um criador de sentido. E sua força máxima reside na possibilidade de criar narrativas. O fotógrafo, mais do que nunca, é um contador de histórias que, liberto do peso da verdade incontestável, pode criar ilusões. Ilusões que, em sua maior potência, nos ajudam a acessar e a refletir sobre questões do mundo contemporâneo.
b_arco. Por que fotografamos?
F.R. É importante lembrar que, mesmo em uma época de desconfiança em relação à veracidade das imagens digitais, continuamos a produzi-las na esperança de guardar memórias ou de mostrar aos amigos mais próximos que estivemos “lá”. Seja via Instagram ou Facebook, milhões de imagens são produzidas e compartilhadas como prova e aceitas como tal. Continuamos, além disso, a produzir imagens das pessoas que amamos, dos lugares que visitamos, daquele prato de comida inesquecível ou da festa imperdível, e assim continuamos a alimentar nossos álbuns de memórias. E a fotografia continua existindo como uma cápsula de guardar afeto.
b_arco. Você vai ministrar um curso de introdução à fotografia, que começa no próximo sábado 29 de setembro. Qual a proposta deste curso?
F.R. O curso pretende ser um espaço de discussão e troca, no qual todos serão estimulados a refletir sobre a fotografia. Por que fotografamos? Por que guardamos fotografias? Vamos explorar a técnica em paralelo às discussões teóricas sobre a fotografia de hoje e sua história. A ideia é que a técnica e o funcionamento das câmeras sejam desmistificados e que o aluno comece a refletir sobre suas escolhas e sobre as imagens que pretende produzir, colocar no mundo, ou guardar como lembrança.
Saiba mais sobre o curso Uma Introdução à Fotografia: Técnica, História e Teoria
Sobre Felipe Russo