Historiadora da Arte que irá ministrar curso no b_arco indica algumas obras que têm bruxas no centro de suas narrativas
O curso “Bruxas e feiticeiras na História da Arte – Que Las Hay, Las Hay” irá abordar em profundidade a representação visual de bruxas e feiticeiras. Ministrado pela pesquisadora de História da Arte, Juliana Ferrari Guide, as aulas irão tratar destas figuras tão presentes em filmes, séries, livros e no imaginário social, mas que também foram revalorizadas pelos pensamentos feministas e ressignificadas pelas inúmeras vertentes do neopaganismo.
As bruxas estão por todo lado, tornando um desafio a tarefa de indicar algumas obras para quem se interessa pelo tema. No entanto, para iniciar as discussões propostas no curso, o blog do b_arco traz uma seleção de 3 filmes e 1 livro a partir do crivo pessoal de Juliana Guide. São obras de destaque no cinema e um livro que pretende ser o primeiro passo perfeito para quem pretende acompanhar a história das bruxas e feiticeiras. Confira abaixo as dicas e garanta sua inscrição no curso!
Serviço de entregas da Kiki (1989)
Nesta animação do prestigiado Studio Ghibli, acompanhamos a história da bruxa Kiki, que sai aos 13 anos de casa para cumprir a tradição de um ano de treinamento longe da família. Hayao Miyazaki adapta a obra de Eiko Kadono, uma narrativa que se afasta dos estereótipos sobre as bruxas: acompanhamos a trajetória de uma jovem responsável e doce tendo que lidar com as dificuldades e imprevistos da nova fase que vive. Conforme a trama se desenrola, é difícil não se conectar à essa bruxa gentil e às inseguranças e obstáculos que enfrenta para crescer e buscar a própria vocação.
Suspiria (1977 e 2018)
No clássico do horror dirigido por Dario Argento, ao chegar à Alemanha para estudar numa conceituada academia de dança, uma estudante americana se vê enredada por um universo de estranheza, violência e assassinatos em que as aparências da instituição encobrem os atos terríveis de um covil de bruxas. Embora tenha sofrido muitas críticas quanto ao enredo e aos diálogos, a trilha sonora, a cor e a iluminação primorosas fazem da obra uma experiência estética imperdível. Para os interessados em história da arte, um prato cheio: as referências visuais mobilizadas por Argento dialogam diretamente com a iconografia das bruxas e da femme fatale do final do século XIX. Para uma exposição generosa dessas referências, recomendo A Cultura Visual No Cinema de Dario Argento, de Letícia Badan Palhares Knauer de Campos.
O filme foi refilmado em 2018, sob direção de Luca Guadagnino, e estreou no Festival Internacional de Veneza deste mesmo ano. A releitura do mesmo diretor de “Me Chame Pelo Seu Nome” causou tanto polêmica quanto elogios em sua estréia, por isso recomendamos ambas as versões (a imagem que ilustra este post é um fotograma do “Suspiria” de 2018)
A bruxa (2015)
A bela película de Robert Eggers, filmada inteiramente com luz natural e de velas, se passa na Nova Inglaterra, na década de 1630. Após a ruptura de seu patriarca com a Igreja da cidade, uma família se retira da comunidade e passa a viver isolada, nas bordas de uma floresta misteriosa, em que coisas ruins começam a acontecer. A presença sobrenatural é costurada a uma trama composta de medo, repressão, religiosidade e variadas dificuldades afetivas e relacionais dos integrantes da família. Chama atenção o trabalho acurado sobre o século XVII, manifesto na linguagem, no figurino, na trilha sonora e também nas referências visuais, ainda que retome também representações posteriores, como as bruxas de Goya.
História da Bruxaria (1980, edição ampliada em 2007)
O livro de Jeffrey B. Russell e Brooks Alexander é um excelente começo para os interessados em acompanhar os caminhos do fenômeno histórico da bruxaria. O livro parte da definição dos termos feitiçaria e bruxaria e realiza um percurso que vai da Antiguidade à contemporaneidade. Os autores conseguem transformar décadas de erudição e pesquisa sobre o assunto num livro de fácil leitura, que ajuda a organizar na cabeça do leitor uma visão panorâmica clara de um tema imensamente complexo.