Professor do curso “Script Analysis” separou alguns materiais para você se iniciar nesta metodologia que revolucionou a prática de atores, roteiristas e diretores
Em novembro, na programação #b_arcoemcasa, Tomás Rezende irá oferecer o curso “Script Analysis”, que se debruça justamente sobre a metodologia de análise de roteiros e cenas criada pela coach de diretores Judith Weston. O curso com Tomás, que é diretor de elenco e ator, especializado no método de Judith Weston ainda é o melhor lugar para se informar sobre esta forma de análise. Mas, para adiantar um pouco o assunto e conhecer alguns pontos iniciais do trabalho de Weston separamos depoimentos de diretores, uma entrevista e um texto selecionado de sua obra, para que você possa começar a tomar conhecimento do assunto. Confira abaixo:
Depoimentos de grandes diretores que foram impactados pelo trabalho de Judith Weston
“Judith Weston é uma professora talentosa e extraordinária. Ela não apenas te explica o processo criativo, mas também muda sua consciência e restaura sua confiança nele, através da atuação”.
DAVID CHASE, criador, produtor executivo, roteirista e diretor da série OS SOPRANOS
“Eu fiz um seminário com a professora de atuação Judith Weston. Eu aprendi questões centrais sobre o personagem. Ela acredita que todos os personagens bem escritos tem uma espinha dorsal, e a ideia é que este personagem tenha um motor interno, um objetivo dominante e consciente ao qual está buscando e que não pode abandonar. Eu mergulhei nesta ideia como um peixe no aquário.”
Andrew Stanton
roteirista e diretor de PROCURANDO NEMO, PROCURANDO DORY, WALL-E, VIDA DE INSETO, BETTER CALL SAUL, STRANGER THINGS, roteirista de TOY STORY, TOY STORY 2 e TOY STORY 3
“Muitos diretores pisam em solo incerto quando dão orientações de atuação para atores. As ideias e ferramentas criadas por Judith Weston podem prover uma base sólida e revolucionar a sua prática de direção. Eu acredito que, trabalhar com sua metodologia e princípios, tem sido um dos tempos mais proveitosos que passei ao preparar meu trabalho”.
JOHN PATTERSON, diretor, THE SOPRANOS, SIX FEET UNDER, CARNIVALE, THE PRACTICE, LAW AND ORDER
Texto “Opostos”, selecionado por Tomás Rezende do livro Directing actors
“Estou interessado no outro lado, no lado B das pessoas. Como ator, seu desafio é compreender a psicologia de outro ser humano – e quanto maior a polaridade, mais dramática ela é. ”
Ralph Fiennes
Os opostos são os melhores amigos de um ator. Eles são uma ótima ferramenta de análise de roteiro – assim que você tiver uma idéia, considere também o contrário. Sempre que você não tiver certeza do que fazer com uma fala, encontre o oposto. Se uma cena não estiver funcionando, faça errado! Uma escolha oposta mantém o ator no momento presente porque é surpreendente, mesmo para ele. Um bom ator se mantém entretido e vivo – permitindo um conflito entre as palavras e sua vida interior. E se o ator estiver vivo, o material fará sentido, mesmo que a escolha interior não seja lógica.
Quando um personagem diz uma coisa e significa outra, isso o torna complexo. O melhor de tudo é que a dualidade o torna mais real. As pessoas não são especialmente lógicas. Elas geralmente significam exatamente o oposto do que dizem. Vemos isso na vida real: uma pessoa que diz: “Sou muito aberta à sua proposta”, com os braços e as pernas cruzados, olhando para você com o canto dos olhos. Sua linguagem corporal está dizendo que ele é o oposto de aberto.
Um ator que fica preso nas escolhas lógicas e imediatas nunca se parecerá com uma pessoa real. A escolha errada e ilógica é geralmente a mais verdadeira. As pessoas normalmente não sabem quem são ou o que querem e não fazem a coisa certa para obtê-las. Um ator que usa opostos constantemente e com muita eficácia é Gene Hackman. Ele costuma dizer uma fala exatamente ao contrário de como está escrito no roteiro: por exemplo, “eu vou te matar”, disse com um sorriso (ou seja, com o verbo de ação “encantar”).
Judith Weston
No livro Directing actors
Entrevista com Judith Weston no canal do historiador Uwe Walter